DORIAN
A cidade ainda engatinha em sua rotina, mas o topo do prédio pulsa com as engrenagens do império que construí.
E hoje... elas parecem mais barulhentas do que de costume.
Talvez porque o silêncio da madrugada ainda esteja grudado em mim.
Talvez porque o perfume dela ainda esteja na minha pele.
Ou talvez porque passei mais tempo observando Lara dormir do que propriamente dormindo.
Minhas pálpebras pesam. O corpo reclama.
Mas, por alguma razão que nem mesmo eu compreendo totalmente, a exaustão não me irrita.
Não hoje.
Porque tem algo ali, no fundo do peito — um resíduo de satisfação crua — que me sustenta.
Como se, por uma noite inteira, o controle tivesse escorrido pelos dedos… e eu tivesse gostado.
Benjamin me espera na sala de reuniões como se já soubesse.
— Bom dia, senhor “Eu-nunca-me-atraso” — diz, sem nem levantar os olhos dos papéis.
— Estou com dois minutos de tolerância. E um excelente motivo.
Ele ergue os olhos.
— Ah, claro. O motivo tem curvas, olhos de fera e um histó