LARA
O quarto está silencioso.
A luz suave que atravessa as cortinas beira o dourado, mas ainda não chegou à intensidade da tarde. É como se o dia estivesse suspenso, esperando. Como se nada quisesse avançar antes de sabermos com certeza que tudo ficará bem.
Minha mãe respira com calma, os cabelos espalhados pelo travesseiro branco, os traços relaxados pelo cansaço. Pela primeira vez em muito tempo, ela parece pequena.
Frágil.
Humana.
A respiração regular alivia algo em mim, mas não dissolve completamente o nó no estômago.
O médico fecha a pasta com os exames e se aproxima, com aquele semblante sereno de quem sabe que, ao menos por hoje, não vai entregar uma má notícia.
— Foi só um mal-estar. A pressão caiu um pouco, talvez pelo calor, talvez pelo estresse. Ela precisa repousar e se hidratar bem. A cirurgia será em poucos dias. Sei que vocês têm uma festança de casamento no fim de semana, mas se puder mantê-la repousando, será melhor.
Assinto, sentindo o corpo ceder à exaustão que vem