DORIAN
A vista do meu escritório é um lembrete constante de onde estou.
Os prédios espelhados refletem o céu pálido da manhã, os carros se movem em filas que lembram estratégias e rotas — exatas, calculadas. Aqui, no topo da torre que eu mesmo construí, o mundo parece sob controle.
Ou costumava parecer.
Benjamin entra sem bater, como sempre. Carrega uma xícara de café na mão e aquele olhar de quem sabe que alguma coisa está prestes a acontecer. Ele me conhece demais para ignorar os sinais.
— Você mandou cancelar todas as reuniões da manhã. Isso significa duas coisas: ou você está doente, ou algo ainda pior. — Ele fecha a porta com o pé e se senta à minha frente, sem cerimônia.
— É algo pior — digo, sem levantar os olhos do notebook.
Ele ergue uma sobrancelha.
— Pior que doença? Preciso ouvir isso.
Fecho o computador com calma e me recosto na cadeira.
— Vai haver uma cerimônia de casamento aqui. Em quinze dias.
Benjamin pisca.
— Uma o quê?
— Cerimônia. Casamento. Festa. Flores. Altar.