O cheiro do assado perfuma a casa desde o fim da tarde, e Eliza se superou nos detalhes — guardanapos bordados, velas finas nas extremidades da mesa, louças delicadas e um arranjo de flores do campo que parece ter saído de um filme antigo.
Minha mãe está radiante. Luísa, discreta como sempre, ajuda a ajeitar tudo no lugar, e eu tento conter o nervosismo com sorrisos e pequenas distrações. O jantar é simples e íntimo. Mas há algo no ar. Uma antecipação que não sei nomear.
Estou de costas para a porta quando ouço os passos firmes.
— Boa noite — diz Dorian, com a voz baixa, segura.
Viro devagar.
Ele está impecável. Os olhos vêm direto para mim, e antes que eu consiga esboçar reação, ele se aproxima e me beija.
Não é demorado. Não é invasivo.
É apenas... natural.
Rápido, firme, na boca. Como se fosse um hábito. Como se fôssemos de verdade.
Fico sem ar por um instante.
Minha mãe sorri feito criança. Dorian puxa uma cadeira para ela, depois para mim, e senta como se fôssemos uma família jan