LARA
A loja fica em uma rua discreta, escondida entre edifícios de arquitetura clássica e árvores centenárias. Quando a limousine para na frente, por um instante, penso em fugir.
Mas não corro.
A porta se abre, e sou recebida com sorrisos profissionais, iluminação suave, aroma de flor de laranjeira e silêncio acolhedor — tudo milimetricamente pensado para fazer uma noiva se sentir especial.
Mas eu não sou uma noiva.
Sou um contrato. Um arranjo com prazo de validade. Um nome em um papel que só existe porque minha mãe está doente e Dorian… bom, Dorian decidiu me ajudar. Por que exatamente, ainda não entendi.
Minha mãe desce do carro sorridente, apoiada em Luísa, com um brilho nos olhos que parece driblar o cansaço. Está mais frágil, mais pálida, mas segura o braço da enfermeira com firmeza e dignidade. Como se estivesse prestes a acompanhar um ritual sagrado.
— Essa loja é um sonho — ela diz, olhando os detalhes da vitrine. — Você merece isso.
Eu finjo que acredito.
Eliza já nos espera