A porta se fecha atrás de mim com um clique que parece selar mais do que apenas a entrada da casa. Selar um pacto silencioso. Uma guerra disfarçada.
O som dos meus saltos ecoa pelo mármore da mansão como se a casa inteira estivesse ouvindo. Tudo aqui é lindo demais, limpo demais, frio demais. Um mundo construído por ele. E eu? Só uma peça encaixada à força.
Seus passos vêm logo atrás. Não apressados. Medidos. Quase como se não estivesse apenas me seguindo, mas… me estudando.
Eu não olho para trás.
Não posso.
Porque sei o que vou ver.
Dorian. Impecável. Distante. Dono do mundo — e agora, também de mim. Não com amor. Com um contrato.
Subo as escadas com calma. Cada degrau uma resistência. Cada passo, uma escolha.
Meu quarto — ou melhor, o quarto de hóspedes que agora é “meu” — está iluminado por abajures que alguém ligou antes da nossa chegada. Eliza, provavelmente. A sombra silenciosa da casa.
Quando fecho a porta atrás de mim, encosto as costas nela e inspiro fundo. Não é suficiente.