DORIAN
As horas avançam com a lentidão típica de hospitais.
Luzes baixas, passos cuidadosos no corredor, o som constante das máquinas de monitoramento no quarto.
A mão de Lara ainda repousa na minha. O calor dela me ancora.
Mas eu não durmo.
Não posso.
Levanto apenas quando percebo que ela entrou em um estágio mais profundo de repouso induzido. Caminho até o corredor e sigo até a varanda externa do andar — um dos raros lugares que permite ar fresco e pensamentos difíceis.
David está lá, encostado na grade de aço escovado, com um copo de café nas mãos e o blazer jogado no braço. As mangas da camisa estão dobradas. Os olhos fixos no nada. Ou em tudo.
— Sabia que te encontraria aqui — digo, parando ao seu lado.
Ele me entrega o copo extra que já tinha pedido. Quente. Forte. Sem açúcar.
— Atualizações? — pergunto, depois de um gole.
Ele respira fundo.
— O pai da Lara morreu. O ferimento foi considerado não-letal pelos paramédicos, mas houve complicações. Sangramento interno. Colapso respi