DORIAN
O quarto é silencioso demais para o caos que se instalou dentro de mim.
Lara está deitada, o rosto pálido contra os lençóis brancos, os cabelos soltos espalhados pelo travesseiro como uma moldura viva que contrasta com a rigidez do corpo. O monitor cardíaco ao lado emite sinais constantes, firmes. Cada bipe é um lembrete de que ela ainda está aqui. De que, por mais que tudo tenha desabado hoje, ela resistiu. Como sempre resiste.
Mas não era para ela resistir sozinha.
A médica entra, os passos leves. Os olhos se voltam imediatamente para mim.
— Senhor Vega — diz com gentileza. — A senhora Lara ainda está sob sedação. A crise nervosa foi intensa, e preferimos mantê-la assim esta noite. É uma forma de proteger o corpo. O psicológico.
— Ela vai acordar amanhã?
— Acreditamos que sim. Aos poucos. A sedação é leve, mas contínua. Ela precisa descansar. A mente dela precisa processar com calma o que aconteceu. Sem pânico. Sem lembranças imediatas.
Assinto. Engulo em seco.
— E o bebê?
—