DORIAN
Ainda não consigo sair do hospital.
Mesmo com os médicos garantindo que ela dormirá por mais algumas horas, e que tudo está sob controle, meu corpo se recusa a abandonar este andar.
Então permaneço.
Com o paletó jogado sobre uma poltrona, a camisa parcialmente desabotoada, e os cabelos bagunçados demais para qualquer reunião.
É madrugada quando Benjamin surge.
Ele não bate. Apenas entra, com dois cafés nas mãos e um comentário pronto na língua, como sempre.
— Alguém aqui parece um CEO de novela mexicana depois da tragédia do último capítulo.
— É o que estou tentando emular — respondo, aceitando o café com um aceno de cabeça. — Só faltou a chuva no velório e a reviravolta com um testamento escondido.
— Se precisar de ajuda para interpretar o vilão que redime tudo com uma lágrima na penúltima cena, estou disponível — Benjamin rebate, e só então repara que David também está no quarto. — Ah, temos plateia. Isso explica a pose mais sombria que o normal.
David se recosta na parede, c