Olívia dormiu no sofá-cama da sala, mesmo depois de eu insistir para que ela ficasse com a cama e me deixasse dormir lá. Claro que ela recusou, com aquele olhar teimoso e maternal que sempre usa quando está decidida a cuidar de mim, mesmo que em silêncio. Trouxe sua própria coberta do carro, um travesseiro a mais, e reclamou do gosto do chá que preparei antes de dormir — tudo no tom mais familiar do mundo. E, por mais estranho que pareça, foi a noite mais tranquila que tive desde que tudo desmoronou.
Na manhã seguinte, acordei cedo. O sol mal havia iluminado a cidade quando já estava de pé, ajeitando as roupas, procurando por alguma blusa decente e tentando não fazer barulho para não acordá-la. Preparei um café rápido, engoli uma torrada sem muito entusiasmo e, pouco depois, deixei o apartamento com passos contidos e a mente cheia.
Fui de metrô até uma estação central e, de lá, peguei um ônibus até o escritório. O carro estava parado no estacionamento da empresa, e só de pensar