Sebastian
Foram dois dias longos, silenciosos, quase sufocantes. Dois dias em que eu só existia entre o escritório e o apartamento, com o mínimo de contato humano possível. Eu trabalhava por inércia, respondia e-mails por obrigação, e mantinha conversas frias com pessoas que eu mal lembrava o nome. Isadora ligava, mandava mensagens, mas eu não atendia. Não porque queria puni-la, embora parte de mim quisesse, mas porque eu simplesmente não tinha força pra ouvir a voz dela sem sentir o estômago revirar.
No fundo, eu ainda estava tentando entender como a gente tinha chegado até ali. Como algo que parecia tão sólido, tão nosso, podia desmoronar assim, em silêncio, com uma única frase dita na hora errada.
Naquela noite, eu cheguei em casa exausto. Tirei o paletó, afrouxei a gravata e deixei tudo cair no sofá. Tomei um banho demorado, tentando lavar da pele o peso desses dias, e quando saí, só queria silêncio. Me servi de um uísque puro. O primeiro da noite, talvez o último, e fiqu