O carro de Sebastian tinha aquele silêncio elegante e desconfortável dos veículos de luxo. Tudo era muito refinado, muito limpo, muito... íntimo para o meu gosto. Sentada ao lado dele, com as mãos repousadas sobre o colo e o cinto apertando sutilmente meu ombro, eu tentava não parecer tensa. Mas meu corpo me traía. A postura dura, o maxilar travado, o olhar que evitava o dele sempre que possível. Eu não estava acostumada a isso — e, para ser honesta, não queria me acostumar.
Tínhamos saído do prédio depois de um dia de reuniões extensas, revisões de projetos e mais mudanças na estrutura da equipe. Sebastian havia me oferecido carona com naturalidade, como quem convida alguém para um café, sem segundas intenções. E talvez não houvesse mesmo. Mas, no fundo, o que me deixava inquieta não era ele. Era o que os outros poderiam pensar.
Eu já havia passado por isso antes. Uma carona, um evento de última hora, um pedido insistente de Augusto Montenegro para que eu o acompanhasse num coq