— Capítulo 9 —
Os dias seguintes ao jantar transcorreram com uma cadência diferente na casa dos Altoviti. Não era o silêncio cerimonioso das manhãs, tampouco a pressa ruidosa das visitas. Era um rumor constante, como se o próprio assoalho carregasse segredos em cada ranger.
Mensageiros batiam ao portão com frequência incomum; o mordomo, Salvadori, surgia e desaparecia como sombra eficiente; atrás da porta do escritório, a pena de Arthur riscava o papel sem descanso.
Magnólia percebia tudo com a atenção de quem lê o ar: as criadas cochichavam nomes enquanto trocavam lençóis; na cozinha, discutia-se não só tempero, mas prestígio; no jardim, jardineiros alinhavam mudas como soldados antes da revista. Havia algo em gestação — não apenas uma festa, mas uma declaração. E, embora ninguém dissesse em voz alta, ela sabia: parte daquela declaração seria escrita também com a sua presença.
Na manhã de terça-feira, o salão de refeições amanheceu inundado de luz. A porcelana refletia a claridade,