— Capítulo 10 —
O sábado desceu sobre Florença como um véu dourado. As carruagens começaram a alinhar-se diante do portão dos Altoviti antes mesmo que o sino da catedral anunciasse as oito badaladas. O som dos cascos misturava-se ao rolar das rodas sobre o cascalho, compondo um ritmo solene que ecoava pelo jardim iluminado por lanternas de vidro.
Criados moviam-se com discrição, recebendo capas e chapéus; Salvadori, o mordomo, regia a entrada como um maestro silencioso, cada gesto preciso, cada detalhe no compasso da noite.
O salão principal resplandecia sob a claridade de centenas de velas refletidas em cristais e espelhos. A orquestra, já disposta em semicírculo, afinava cordas com a concentração de quem se prepara para mais do que música — para o anúncio de prestígio.
O piano, fechado, repousava num canto como fera contida. Sobre as mesas, toalhas de linho caíam em ondas até o chão, e arranjos de magnólias brancas espalhavam um perfume discreto, tão calculado quanto os sorrisos q