— Capítulo 15 —
O escritório dos Altoviti parecia mais um quartel de guerra do que um cômodo doméstico. As janelas altas deixavam entrar a claridade cinzenta da manhã, iluminando as pilhas de papéis que se acumulavam sobre a mesa maciça. O cheiro de pergaminho e de tinta fresca misturava-se ao leve odor metálico do sinete, ainda marcado de cera rubra.
Arthur estava ali desde as primeiras horas, de mangas arregaçadas, a pena firme entre os dedos. Lia relatórios como quem examina armas, sublinhando cifras, traçando comparativos de safras, rabiscando notas nas margens. Entre um documento e outro, retomava as folhas entregues por Domenico semanas antes, agora revisitadas com a mente alerta ao que ouvira de Roberto Tornabuoni.
— A queda deles não é apenas ruína… é abertura — murmurou, sem erguer os olhos.
O patriarca pensava em silêncio, mas cada risco de pena era quase uma sentença. Pesava não apenas os números, mas o tempo: quanto demoraria até que outros banqueiros percebessem a fragili