— Capítulo 18 —
A manhã seguinte nasceu clara em Florença. O sol atravessava as cortinas da casa Altoviti com uma serenidade enganosa. À mesa do desjejum, o silêncio era mais denso que o habitual. Arthur não abriu o jornal como de costume; limitava-se a girar devagar o relógio de bolso entre os dedos, como se o tique-taque que soava fosse o compasso de seus pensamentos.
Giovanna notou a diferença.
— Está mais recolhido hoje, meu senhor — comentou, ajeitando uma fruta no prato, o olhar atento. — Imagino que a visita ainda lhe traga reflexos.
Arthur pousou o relógio sobre a mesa, o gesto calculado, e respondeu sem pressa:
— Em breve receberei Roberto Tornabuoni aqui. É hora de dar sequência às conversas.
Giovanna ergueu as sobrancelhas, surpresa, mas manteve a postura rígida.
— Outra vez os Tornabuoni? Não entendo como pode dar preferência a eles, mesmo com tantos nomes na mesa que poderiam ser uma boa escolha.
Arthur a encarou firme.
— Prudência, Giovanna, não é escolher o que brilha.