Maxim Sokolov
A manhã amanheceu fria e cinzenta, como se o céu da Rússia estivesse refletindo o humor de Maxim Sokolov. Ele estava parado diante da enorme janela de seu escritório, os olhos cravados no horizonte nebuloso, mas a mente completamente ausente.
— Nada? — perguntou, a voz grave e baixa.
Nikolai entrou na sala com passos firmes e discretos. O braço ainda enfaixado do ferimento recente não diminuía sua eficiência, mas seu olhar cansado indicava que a noite fora longa.
— Nada — confirmou, com um suspiro. — O reformatório informou que Amélia saiu ontem à noite. Sozinha. Ninguém sabe para onde. Deixou as poucas coisas que tinha para trás, levou apenas uma mochila.
Maxim fechou os olhos com força, os punhos cerrados.
Seu coração apertado, um medo de perder sua mulher.
— Ela se foi… por minha causa.
— Ela se foi porque está com medo — corrigiu Nikolai. — E talvez com o coração partido. Você podia ter ligado, escrito, feito qualquer coisa.
— Estava com medo e com dúvidas,