Amélia
O motor do helicóptero rugia acima das nuvens, abafando qualquer outro som. O interior era escuro, frio, sufocante. Amélia estava amarrada com tiras reforçadas nos punhos e tornozelos, as correntes presas diretamente à fuselagem. Cada movimento causava dor. O estômago revirava com os solavancos. Ela não sabia para onde estavam indo, mas o que mais a atormentava era a presença constante de Sergei.
Ele estava à frente, sentado confortavelmente, vestindo preto dos pés à cabeça, as luvas de couro apertadas ao redor das mãos. Seus olhos vidrados a observavam com uma calma perturbadora, como se estivesse contemplando uma obra de arte que agora era só dele.
— Estamos quase chegando — disse ele, com a voz baixa, arrastada, como quem canta para uma criança dormir. — Você vai adorar o novo lar.
Amélia não respondeu. Seus olhos estavam fixos no horizonte, tentando não entrar em pânico. Ela precisava manter a sanidade por causa do bebê. Por ele… por Maxim. Ele viria. Ela acreditava nisso