Laís
O quarto de hospital era silencioso demais para um lugar onde a vida tinha lutado com unhas e dentes para continuar. A luz fraca refletia no branco gélido das paredes, e o som do monitor cardíaco era a única trilha sonora.
Laís estava deitada na cama, o corpo dolorido, envolto em faixas e curativos. O braço esquerdo ainda imobilizado, o lado direito do rosto com um corte que começava acima da sobrancelha e terminava perto da orelha. Mas o que mais doía não era visível aos olhos.
Era o medo. A sensação de que tudo poderia acabar num segundo. E a incerteza de que talvez não conseguisse ser forte de novo.
Ela sabia que tinha entrado num mundo perigoso, hoje ela teve certeza o quanto perigoso é este mundo.
— Você quer desligar isso por um momento? — perguntou Nikolai suavemente, apontando para a TV que murmurava um noticiário qualquer.
Ela apenas balançou a cabeça, o olhar perdido no teto.
— Já tomei os remédios. Não vai adiantar ficar me olhando assim — murmurou, tentando parece