A euforia da vitória durou pouco. De volta à realidade crua do apartamento no Brás, o cheiro de poeira e a luz amarelada substituíram o glamour do hotel de luxo. Eles tinham o convite, a chave para a porta do leilão. Mas a informação de Gabriel, sobre o observador desconhecido, envenenou o triunfo com uma dose de pavor.

— Ele estava observando o Antenor, não vocês — disse Gabriel, analisando a situação em voz alta, mais para si mesmo do que para elas. Ele andava pelo pequeno espaço, um predador tentando entender a topografia de uma nova selva. — Profissional. Discreto. Não era da segurança do hotel. Isso significa que nosso ‘padrinho’ já está na mira de alguém.

— Do Fournier? Uma retaliação por causa do sócio? — arriscou Marina, a mente agora sintonizada com a lógica daquele mundo sombrio.

— Possivelmente. Ou diretamente do Consórcio — respondeu Gabriel. — Antenor pode ter cometido algum erro, alguma indiscrição. Ou talvez eles simplesmente não confiem mais nele depois da falha de Kae