A viagem de São Paulo para Santos naquela tarde foi uma jornada para o coração das trevas. Eles não eram mais fugitivos assustados; eram emissários se preparando para uma audiência com um rei sombrio. Usaram o carro de luxo que Corvo lhes arranjara, um veículo que se misturava perfeitamente ao cenário de riqueza e poder do litoral. Gabriel dirigia, os olhos frios e focados. Marina estava no banco de trás, repassando os detalhes da "lenda" das irmãs Carvalho. E Lara, no banco do passageiro, estava em silêncio, a arquiteta daquela missão perigosa, sentindo o peso de cada vida que estava em jogo.
— Lembrem-se — disse Gabriel, a voz um contraponto calmo ao som do motor. — Bastos é movido por duas coisas: ganância e vingança. Apresente a ele a chance de vingança primeiro. A ganância virá como consequência. Ele precisa acreditar que vocês podem lhe dar as cabeças de Fournier e Tavares em uma bandeja.
— E o que pedimos em troca? — perguntou Lara.
— Tudo — respondeu Gabriel. — Um novo refúgio