O compartimento de carga do caminhão de ração era escuro, abafado e cheirava a melaço e grãos. Para Gabriel, era um casulo de escuridão e antecipação. Ele estava imóvel, o corpo adaptado aos solavancos da estrada de terra, a mente focada, repassando cada passo do plano. Cada detalhe da planta baixa do haras. Cada informação do dossiê.
Quando o caminhão finalmente parou com um chiado de freios a ar, ele soube que estava dentro da fortaleza. Esperou, contando os segundos, ouvindo as vozes abafadas dos guardas na portaria e o som do portão de metal se abrindo. O caminhão voltou a se mover, e Gabriel se preparou.
No momento em que o veículo fez uma curva lenta perto dos estábulos principais, ele agiu. Abriu a pequena trava de serviço da traseira, que ele havia estudado nas fotos, e deslizou para fora, caindo em um rolo silencioso na grama úmida. O caminhão continuou seu caminho, o motorista alheio ao passageiro que acabara de desembarcar.
Gabriel estava dentro. Eram 4:30 da manhã. O céu a