O Parque Ibirapuera em uma tarde de sexta-feira era um quadro vivo da normalidade. Casais passeavam de mãos dadas, crianças corriam atrás de pombos, e o som de bicicletas e risadas se misturava à brisa suave que vinha do lago. Para Gabriel, aquela normalidade era a camuflagem perfeita para a guerra. Cada sorriso, cada corredor, cada vendedor de água de coco era uma distração potencial, um elemento a ser observado e descartado.
Ele chegou ao parque uma hora antes do encontro, vestido como um turista qualquer: jeans, camiseta e um boné para sombrear o rosto. Ele não foi para o local combinado. Primeiro, circulou o perímetro do lago, o olhar varrendo os prédios ao redor, os pontos altos, os possíveis ninhos de atiradores. Ele estava mapeando o território de seu inimigo.
Do outro lado da cidade, na clínica veterinária, Lara sentia como se cada segundo durasse uma hora. Ela estava sentada em frente a um laptop, onde Gabriel havia configurado um link de áudio direto com o microfone no broch