Quando até a vitória cobra sangue.
LEONARDO CASSANI
A madrugada em Paris tem um silêncio que parece vidro prestes a rachar. Do alto da Cassani Security, o Sena é apenas uma lâmina negra refletindo luzes esparsas. Leonardo apoia as mãos sobre a mesa de conferências; as telas ao redor piscam com mapas, contas bloqueadas, nomes riscados. A guerra que ele começou estava organizada como um xadrez — mas agora, sente no peito que Vittório Bianchi acaba de mover uma peça fora do padrão.
Navarro está online, a imagem projetada num dos monitores: chalé seguro, Laura de roupão tomando chá na varanda. “Ela está bem”, diz o relatório. Leonardo não precisa ouvir mais para respirar. Pousa a mão sobre o celular, como se o peso do aparelho fosse a única âncora.
— Relatório — ordena, sem levantar os olhos.
Dr. Carvalho desliza um pendrive sobre a mesa. Maya já o insere, e gráficos explodem na tela: setas, fluxos, números congelados.
— As operações foram concluídas — Carvalho diz, com aquela frieza de c