Quando o poder perde o controle.
VITTÓRIO BIANCHI
O silêncio da Villa San Clemente é o tipo de silêncio que faz os homens suarem. Nem o som dos relógios ousa se impor. Aquele é o momento em que o rei observa o tabuleiro — e descobre que alguém ousou virar a mesa.
Vittório Bianchi está de pé diante da parede de vidro que se abre para o Mediterrâneo. A manhã começa a nascer, e o céu azul-claro reflete no anel de serpentes que ele gira no dedo. O mesmo anel que manda mensagens de morte há décadas. O mesmo anel que agora parece pesado demais.
— Trinta e sete horas — diz uma voz atrás dele.
Gianni, seu assessor mais antigo, mantém a postura militar. — Desde o ataque, senhor.
Vittório não responde. Continua olhando o mar, onde os destroços de um navio ainda fumegam no horizonte. Cassani explodiu um império, e ele sabe.
— Quem foi? — pergunta, sem se virar.
— Leonardo Cassani. — Gianni engole seco. — Confirmado pelos rastros bancários e pelo vídeo interceptado na Alemanha.
Vittório vira-se l