O que me separa das outras.
NORMAN PAIXÃO CASSANI
O cheiro de madeira aquecida, o vapor leve do café e o som do vento lá fora.
Eu estava sentada à mesa, olhando para os rostos à minha frente, e mesmo cercada por carinho, havia algo dentro de mim que não encontrava lugar.
Laura servia o almoço com o sorriso de quem encontrou paz depois de muitos anos. Navarro, divertido, contava histórias da época em que treinava soldados — e Leonardo ria, deitado no encosto da cadeira, com aquele sorriso que me desmonta.
Deveria ser um momento simples.
Mas o simples me assusta.
Eu ainda sentia o peso do que aconteceu mais cedo — do susto, do medo, da forma como reagi à possibilidade de uma gravidez.
Eu o vi feliz. E eu… apavorada.
E essa culpa agora me mastigava por dentro.
Laura olhou para mim e sorriu:
— Está quietinha, filha. Tudo bem?
Assenti com a cabeça, tentando disfarçar o nó na garganta. Mas quando ela acrescentou, doce:
— Se tiver mesmo um bebezinho vindo aí, quero preparar o enxoval eu m