Quando a ausência grita mais alto que palavras
LEONARDO CASSANI
Acordei sozinho. O sol batia pelas frestas da cortina pesada, cortando a suíte presidencial em linhas douradas. Virei para o lado, esperando encontrar Norman aninhada nos lençóis, mas o espaço estava vazio, frio, como se ela tivesse saído há muito tempo.
Sentei-me nu na beira da cama, o corpo pesado, mas a mente já em alerta. Olhei para o relógio sobre a mesa: sete horas da manhã. Estranhei. Ela nunca me deixava sem avisar. Peguei o celular e digitei, ainda sonolento:
> Oi, vida. Bom dia. Você foi no seu apartamento pegar alguma coisa? Vai voltar? Tô te esperando.
Soltei o ar e deixei o celular na mesa. Levantei, fui ao banheiro, liguei o chuveiro. A água morna escorria pelos ombros, mas não conseguia afastar a sensação de que algo estava errado. Escovei os dentes, enrolei o corpo no roupão e voltei para a sala, esperando ver o nome dela na tela.
Nada.
O ponteiro andou devagar até as oito. Peguei o celular outra vez, já