Quando fugir não é o bastante
Norman Paixão Cassani
Eu não consegui dormir. O corpo de Leo estava quente ao meu lado, a respiração dele tranquila, mas dentro de mim não havia paz. Havia apenas uma dor no peito que parecia me sufocar, como se cada batida fosse um lembrete cruel: eu não pertencia àquele mundo.
Fiquei olhando para ele por longos minutos. O rosto sereno, cansado. Ele tinha carregado o peso de todos — o pai, o irmão, os contratos, as mortes. Agora, finalmente descansava. E eu? Eu sentia que estava prestes a implodir.
Apertei os lábios, tentando segurar o choro. Olhei o horário da mensagem: havia sido enviada ainda ontem, logo depois que eu e Leo saímos da casa dele. Ou seja, Amaro já tinha decidido. Para ele, eu não podia ficar.
Engoli o nó na garganta. Fui até a cama, fiquei parada olhando Leo. Dormia pesado, alheio ao que eu estava prestes a fazer. Estiquei a mão, quase toquei o rosto dele… mas retirei antes que fosse tarde demais.
Me vesti por completo. Peguei os sapato