Quando o controle encontra a provocação
LEONARDO CASSANI
O relógio marcava onze em ponto quando ouvi o toque discreto na porta.
O doutor Carvalho entrou no andar executivo com a calma de quem já está acostumado com gente arrogante.
Atrás dele, Isabella, com aquele ar de vítima que ela tanto gosta de vestir.
— Senhora Isabella, vim buscá-la para a coleta de DNA — disse ele, profissional, sem levantar a voz.
Ela, claro, aproveitou a plateia.
Olhou para Norman, ajeitou o cabelo e fez manha, aquela voz mansa e irritante que ela achava que encantava alguém.
— Doutor Carvalho, muito cuidado comigo. Estou carregando um Cassani.
Eu, dentro da sala, quase engasguei com o café.
O doutor nem piscou.
— Senhora Isabella, sou casado, minha esposa teve três filhos lindos e nunca precisou ser carregada como se fosse feita de cristal. Sempre admirei as mulheres pela força e garra que têm. Mas me parece que não é o seu caso.
O andar inteiro engoliu o riso.
Do vidro fumê da minha sala, vi Norman abaixa