Quando a guerra encontra a família
ALMIRANTE AUGUSTO NAVARRO
Estou conhecendo uma mulher linda. Homens como eu não namoram. Não sou um adolescente apaixonado. Sou viúvo há vinte anos. Desde então, foquei no trabalho. Minha vida virou isso: limpar o mundo da sujeira vestida de pele humana. Infelizmente, o mundo está cheio de lixo. Homens poderosos que deveriam proteger, se sujam por dinheiro fácil. Policiais, juízes, empresários. O crime virou um yin-yang distorcido: onde deveria haver luz, a sombra toma conta.
E eu… eu sou a porra do faxineiro que limpa essa sujeira.
Falei com a Laura cinco horas atrás. Menti para ela, disse que estava em Roma a trabalho. Mas cheguei ontem de madrugada à França. Disse que nos encontraríamos em alguns dias. Talvez quisesse causar surpresa, talvez quisesse ver a reação dela. Talvez eu mesmo não tenha coragem de admitir que estou vivendo algo novo depois de vinte anos de solidão.
Paro o carro em frente a uma floricultura. Entro, escolho um buquê de rosa