Quando a proteção vira legado
LEONARDO CASSANI
Entro na casa da minha mãe com o coração acelerado. O instinto não mente. O corpo me grita que algo maior está prestes a acontecer, e eu aprendi a ouvir esse instinto, porque já me salvou inúmeras vezes.
Minha mãe aparece no hall, elegante, simples, com aquele olhar que sempre me desmonta. Para o mundo, ela é uma mulher serena; para mim, é a âncora que me mantém humano.
— Leo… você está pálido, filho. O que houve?
Respiro fundo. Não escondo nada. Ela merece saber a gravidade. Conto cada detalhe: a carta do Vittório, as ameaças, os homens mortos em Paris, a fuga do André e do Ravi para o Brasil atrás da Norman, a suspeita de que o alvo não é só a Norman — pode ser ela. Enquanto falo, sinto o peso sair da minha boca e cair sobre os ombros dela.
Minha mãe leva a mão à boca, respira devagar, mas não demonstra pânico. É Cassani até nos ossos.
— Então… ele realmente não vai parar — ela murmura, os olhos marejados.
— Não, mãe. Não vai parar. É p