Quando o amor exige mais coragem que a guerra
LEONARDO CASSANI
Não era para doer daquele jeito. Eu achava que já tinha medido a dor — perdi um irmão, enfrentei homens que não tremeram, vi sangue que deveria ter me endurecido. Mas nada me preparou para o peso de uma despedida que não era política, não era estratégia: era simplesmente humana. Era ela.
Norman sabia que chegaria o momento. Ela sempre soube ler as margens da minha vida, os sinais que eu escondia nos gestos curtos. Mas saber e aceitar são duas coisas diferentes. A verdade é que eu não queria. Não queria que o mundo me exigisse esse sacrifício. Queria que ela ficasse ao meu lado, igual à Noêmia ao lado do meu pai agora — uma presença certa, firme, que me mostrava que era possível existir cuidado sem interesse vulgar. Queria a Norman dormindo ao meu lado, acordando para o mesmo café, para a mesma tarde banal que se transforma em calma porque existe alguém segurando sua mão. Queria, simples assim.
Nunca fui de relações fáceis