Quando o amor vira arma e fraqueza
LEONARDO CASSANI
A mansão do Lorenzo me recebeu com o silêncio de um túmulo. As cortinas pesadas estavam ainda no lugar, os móveis intocados, o cheiro de charuto impregnado nas paredes como se ele fosse entrar a qualquer momento. Mas ele não vai. Nunca mais. Agora era minha casa, minha prisão e meu campo de batalha.
Joguei a mala no sofá, caminhei pelo corredor com passos que ecoavam mais do que deveriam. Não consegui evitar o espelho do hall: por um segundo, vi Lorenzo, não eu. Mesmo rosto, mesma barba, o mesmo porte. Mas eu não era ele. Eu nunca seria.
Peguei o celular e disquei.
— André… cheguei. Estou na casa do Lorenzo. Vem pra cá.
Duas horas depois, ouvi o ronco discreto do motor no portão. A campainha soou, e a voz dele, sempre controlada, anunciou:
— Sou eu.
Abri. Ele entrou com o mesmo ar de quem nunca perde o compasso — paletó alinhado, olhar clínico, a calma que irritava. Mas quando me viu, parou. Não precisei de espelho dessa vez: estava