Quando a confiança precisa ser testada
AMARO CASSANI
O quarto respirava um silêncio moroso, interrompido só pelo tique-taque esquecido do relógio na escrivaninha. A batida na porta quebrou o ar pesado.
Noêmia, sentada ao meu lado, ergueu a cabeça do caderno onde marcava horários e dosagens.
— Você está bem? Posso abrir a porta? — perguntou.
Olhei para ela e não resisti à ironia:
— Você está se referindo à minha ereção?
Ela riu de leve, sem perder a compostura.
— Isso.
— Sim. — suspirei. — Pode abrir. Mas nenhuma outra enfermeira entra aqui. Só você. E, por favor, confira cada medicação com rigor. Vittorio pode usar qualquer um para me matar com uma injeção.
Ela inclinou a cabeça, séria. — Entendi. Eu mesma revisarei tudo.
Noêmia levantou-se e girou a chave. Quando a porta abriu, senti a presença deles antes mesmo de ver.
Leonardo entrou primeiro, passos firmes, o rosto duro. Norman vinha logo atrás, com os olhos ainda marcados pela tensão, mas trazendo no rosto uma doçura que me desa