Aos poucos, consegui retomar as atividades no rancho. Ainda era incômodo sentir certos olhares desconfiados. Nem todos sabiam do ocorrido, mas mesmo assim me olhavam de lado, com pena. Já os que sabiam, mantinham-se em silêncio — meu pai havia sido claro: se a história saísse dali ou se alguém ousasse tocar no assunto, as consequências seriam sérias. Para reforçar, dispensou todos os funcionários da Bezerra, deixando apenas um encarregado de confiança. Ninguém ousou discordar de sua decisão.
Por vezes, meu celular tocava com um número desconhecido. Não atendia. Temia que fosse Antônio Marco. Pensei em trocar de número, mas desisti. Era como se manter o mesmo fosse também uma forma de resistência. Apenas o bloqueei em tudo que pude.
O tempo foi passando. Eu me sentia mais confiante a cada nascer do sol, embora houvesse dias em que levantar da cama fosse uma batalha. Não queria preocupar minha família, não queria que pensassem que eu regredia. Então, mesmo na marra, me obrigava a segu