O sol já tinha avançado alto quando consegui sair do rancho. Não lembro ao certo como guiei até a estrada; o coração pesava tanto que cada volta do volante parecia me arrancar um pedaço. A imagem de Aurora partindo a galope, o olhar de José me condenando, e a voz de meu pai ecoando com frieza — tudo se embaralhava em minha mente como um pesadelo sem fim.
Encostei o carro à beira da estrada e permaneci ali, com os punhos cerrados sobre o volante. Respirei fundo, mas o ar parecia não entrar. A vergonha ardia tanto quanto a raiva.
Meu pai sempre soube. Sempre controlou. Desde criança me empurrava para escolhas que nunca foram minhas — escolas, negócios, até mesmo a maldita noiva que eu nunca pedi. Agora, ver Aurora me olhando como se eu fosse apenas mais uma mentira… isso me destruía.
Saí do carro e andei alguns passos, chutando a poeira da estrada, o peito arfando como se fosse explodir.
— Droga! — gritei, socando o ar. A impotência era insuportável. Eu queria correr até ela, dizer