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CAPÍTULO 6 - LIDERANDO O JOGO

Segunda-feira chegou mais rápido do que Nina esperava. Ela havia passado o fim de semana pesquisando sobre liderança de equipes, gestão de projetos e sistemas de detecção de intrusão, determinada a não decepcionar Alex. A confiança que ele havia demonstrado nela era tanto motivadora quanto aterrorizante.

Nina chegou ao escritório uma hora mais cedo, querendo revisar todos os materiais do projeto antes de conhecer sua equipe. Elena já estava lá, como sempre, com uma xícara de café e uma pilha de documentos.

— Bom dia, líder de projeto.

Elena disse com um sorriso divertido.

— Nervosa?

— Aterrorizada seria uma palavra melhor.

Nina admitiu, colocando sua bolsa na mesa.

— É normal. Liderança sempre assusta no começo. Mas você tem algo que muitos líderes experientes não têm.

— O que?

— Humildade. Você sabe que não sabe tudo, e isso vai fazer você ouvir sua equipe. Muitos projetos falham porque o líder acha que tem todas as respostas.

Elena conduziu Nina até uma sala de reuniões menor, onde três pessoas já estavam esperando. Nina respirou fundo antes de entrar.

— Pessoal, esta é Nina Santos, que vai liderar o projeto do sistema de detecção de intrusão.

Elena fez as apresentações. Lucas Mendes, programador júnior de vinte e quatro anos, especialista em algoritmos de machine learning. Tinha cabelos desgrenhados e usava uma camiseta com uma piada de programação que Nina não entendeu completamente. Parecia simpático, mas havia uma expressão cética em seus olhos.

Amanda Silva, programadora júnior de vinte e seis anos, especialista em redes e protocolos de segurança. Usava óculos de armação roxa e tinha um ar sério e profissional. Cumprimentou Nina educadamente, mas Nina percebeu que ela estava sendo avaliada.

E Roberto Costa, analista de sistemas de trinta anos, o mais experiente do grupo. Alto, magro, com barba bem aparada e uma expressão que Nina não conseguia decifrar. Ele havia trabalhado em várias empresas de tecnologia antes de chegar à CyberShield.

— Bem, vou deixá-los se conhecerem melhor.

Elena disse.

— Nina, qualquer coisa que precisar, estarei na minha sala.

Quando Elena saiu, o silêncio na sala ficou um pouco desconfortável. Nina sentiu todos os olhos sobre ela e teve que lutar contra o impulso de sair correndo.

— Então...

Ela começou, tentando soar mais confiante do que se sentia.

— Imagino que vocês estejam se perguntando como alguém com uma semana de empresa vai liderar um projeto.

Lucas riu, quebrando um pouco a tensão.

— A pergunta passou pela minha cabeça, sim.

— É uma pergunta justa.

Nina disse, decidindo ser completamente honesta.

— Eu não tenho experiência em liderança de projetos. Vocês três têm muito mais experiência prática do que eu. Mas o Sr. Stone me deu essa oportunidade, e eu pretendo aproveitá-la da melhor forma possível.

— E como pretende fazer isso?

Roberto perguntou, sua voz neutra mas com um tom de desafio.

— Ouvindo vocês. Aprendendo com vocês. E tentando trazer uma perspectiva nova para o projeto.

Nina se dirigiu ao quadro branco na parede.

— Vocês já trabalharam em sistemas de detecção de intrusão antes?

— Eu trabalhei em um projeto similar na minha empresa anterior.

Roberto disse.

— Mas era para uma rede muito menor.

— Eu fiz minha dissertação de mestrado sobre detecção de anomalias em redes corporativas.

Amanda acrescentou.

— E eu desenvolvi alguns algoritmos de machine learning que poderiam ser úteis para identificar padrões suspeitos.

Lucas disse, parecendo mais interessado agora.

Nina começou a anotar no quadro, organizando as informações.

— Ótimo. Então temos experiência prática, conhecimento teórico e expertise em algoritmos. Agora, qual é o maior desafio que vocês veem neste projeto?

— Falsos positivos.

Amanda respondeu imediatamente.

— A maioria dos sistemas de detecção é muito sensível e gera alertas para atividades normais, ou muito insensível e perde ataques reais.

— Exato.

Roberto concordou.

— E em uma rede do tamanho da CyberShield, falsos positivos podem paralisar o departamento de TI.

Nina assentiu, anotando no quadro.

— E se a gente abordasse isso de forma diferente?

— Como assim?

Lucas perguntou.

— Em vez de tentar criar um sistema que detecta tudo perfeitamente desde o início, que tal criarmos um sistema que aprende com os próprios erros?

Nina começou a desenhar um diagrama no quadro.

— Um sistema adaptativo que usa machine learning não apenas para detectar intrusões, mas para refinar continuamente seus próprios parâmetros baseado no feedback dos usuários.

Os três se entreolharam, e Nina viu uma faísca de interesse nos olhos deles.

— Isso é... realmente interessante.

Amanda disse lentamente.

— Seria como ter um sistema que fica mais inteligente com o tempo.

— Exatamente. E poderíamos implementar diferentes níveis de confiança para os alertas, permitindo que os administradores priorizem baseado na probabilidade real de ameaça.

Roberto se inclinou para frente, claramente engajado agora.

— Isso resolveria o problema de sobrecarga de alertas. Interessante.

Nina sentiu uma onda de alívio. Eles estavam começando a vê-la como uma líder, não apenas como a novata que havia sido promovida rapidamente.

— Então, vamos dividir as responsabilidades?

Ela sugeriu.

— Lucas, você poderia trabalhar nos algoritmos de machine learning para a detecção adaptativa. Amanda, você ficaria responsável pela integração com os protocolos de rede existentes. E Roberto, você poderia desenvolver a interface de usuário e o sistema de feedback.

— E você?

Roberto perguntou.

— Eu vou coordenar tudo, trabalhar na arquitetura geral do sistema, e... bem, aprender muito com vocês.

Lucas sorriu.

— Sabe de uma coisa? Eu gosto dessa abordagem. É refrescante ter um líder que admite que não sabe tudo.

— Concordo.

Amanda disse.

— E a ideia do sistema adaptativo é realmente inovadora.

Roberto assentiu.

— Vamos ver no que dá. Mas estou otimista.

Nina sentiu como se um peso tivesse saído de seus ombros. Eles haviam aceitado sua liderança, pelo menos por enquanto.

— Ótimo. Vamos estabelecer um cronograma e definir marcos para o projeto.

Eles passaram as duas horas seguintes planejando detalhadamente o projeto. Nina descobriu que liderar uma equipe era como resolver um quebra-cabeças complexo - você precisava entender as peças individuais e como elas se encaixavam para formar o quadro maior.

Por volta das onze horas, Elena apareceu na porta da sala.

— Como estão as coisas por aqui?

— Muito bem.

Lucas respondeu.

— Nina teve uma ideia brilhante para o sistema adaptativo.

— Que bom ouvir isso. Nina, o Sr. Stone gostaria de falar com você. Ele está na sala de reuniões do quadragésimo quarto andar.

Nina sentiu o estômago dar uma cambalhota. Ela havia conseguido passar a manhã inteira sem pensar em Alex, concentrada no projeto e na equipe.

— Algum problema?

— Não que eu saiba. Provavelmente quer saber como está indo o primeiro dia como líder de projeto.

Nina se despediu da equipe e subiu até o quadragésimo quarto andar. A sala de reuniões onde havia conhecido os outros trainees estava vazia, exceto por Alex, que estava de pé junto à janela, falando ao celular.

Ele fez sinal para que ela entrasse e se sentasse, continuando a conversa que parecia ser sobre algum contrato internacional. Nina aproveitou para observá-lo discretamente, notando como ele gesticulava levemente enquanto falava, como sua voz ficava mais grave quando estava sendo firme sobre algum ponto.

— Desculpe a demora.

Alex disse, desligando o telefone e se virando para ela.

— Como foi a primeira manhã como líder de equipe?

— Melhor do que eu esperava. A equipe é excelente, e conseguimos desenvolver uma abordagem interessante para o projeto.

— Conte-me sobre essa abordagem.

Nina explicou a ideia do sistema adaptativo, usando o quadro branco da sala para ilustrar seus pontos. Conforme falava, ela notou que Alex estava prestando atenção total, fazendo perguntas pertinentes e sugerindo refinamentos.

— Isso é muito inteligente.

Alex disse quando ela terminou.

— Você está pensando como uma verdadeira líder de produto, não apenas como uma programadora.

— Obrigada. Mas foi realmente um esforço de equipe. Lucas, Amanda e Roberto contribuíram muito.

— Mas você coordenou essas contribuições em uma visão coerente. Isso é liderança.

Alex se aproximou do quadro, estudando o diagrama que Nina havia desenhado.

— Posso fazer uma sugestão?

— Claro.

— Que tal apresentar essa proposta para a diretoria na próxima semana? Se eles aprovarem, poderíamos transformar isso em um produto comercial da CyberShield.

Nina quase engasgou.

— Apresentar para a diretoria? Mas eu... eu nunca fiz uma apresentação executiva.

— Então será uma boa oportunidade de aprender.

Alex sorriu, aquele sorriso que fazia o coração de Nina acelerar.

— Nina, você tem uma ideia potencialmente revolucionária aqui. Não deixe o medo te impedir de compartilhá-la com o mundo.

— Mas e se eu estragar tudo? E se eles fizerem perguntas que eu não sei responder?

Alex caminhou até onde ela estava e, para surpresa de Nina, colocou uma mão gentilmente em seu ombro.

— Então você diz que não sabe e que vai descobrir. Honestidade é mais valorizada do que fingir conhecimento que você não tem.

O toque dele enviou uma onda de calor pelo braço de Nina, e ela teve que se concentrar para não demonstrar o efeito que isso teve nela.

— Você... você estaria lá? Na apresentação?

— Se você quiser, sim. Mas Nina, você não precisa de mim lá. Você é perfeitamente capaz de defender suas próprias ideias.

A confiança na voz dele era quase tangível, e Nina sentiu algo se fortalecer dentro dela.

— Ok. Eu vou fazer a apresentação.

— Excelente. Sarah vai agendar para quinta-feira da próxima semana. Isso te dá tempo suficiente para preparar.

Alex removeu a mão do ombro dela, mas não se afastou imediatamente. Por um momento, eles ficaram ali, muito próximos, olhando um para o outro. Nina podia sentir o perfume masculino dele, podia ver os pequenos pontos dourados em seus olhos verdes.

— Alex...

Ela começou, sem saber exatamente o que queria dizer.

— Sim?

A voz dele saiu mais baixa, mais íntima, e Nina sentiu como se o ar na sala tivesse ficado mais denso.

Antes que ela pudesse responder, a porta se abriu e Marcus Rivera entrou.

— Alex, desculpe interromper, mas... oh, olá.

Marcus olhou de Alex para Nina, uma expressão divertida passando por seu rosto.

— Marcus, esta é Nina Santos, uma das nossas trainees. Nina, este é Marcus Rivera, nosso vice-presidente.

— Prazer em conhecê-la, Nina. Ouvi falar muito sobre você.

Marcus estendeu a mão, e Nina notou o olhar curioso que ele dirigiu a Alex.

— O prazer é meu, Sr. Rivera.

— Marcus, por favor. Bem, Alex, preciso falar com você sobre o contrato japonês quando tiver um minuto.

— Claro. Nina, acho que terminamos por aqui. Boa sorte com o projeto, e nos vemos na sexta para nossa reunião regular.

Nina assentiu e se dirigiu à porta, mas não antes de notar o olhar especulativo que Marcus dirigiu a Alex quando ele pensou que ela não estava vendo.

No elevador de volta ao vigésimo primeiro andar, Nina encostou na parede e respirou fundo. O que havia acontecido naquela sala? Por um momento, havia parecido que Alex ia... o quê? Beijá-la? Isso era ridículo. Ele era seu chefe, ela era uma funcionária. Aquilo havia sido apenas um momento de proximidade profissional.

Mas a forma como ele havia olhado para ela, a intensidade em seus olhos, a maneira como sua voz havia ficado mais baixa quando disse seu nome...

— Para com isso, Nina.

Ela murmurou para si mesma.

— Ele é seu chefe. Isso é trabalho. Nada mais.

Mas quando as portas do elevador se abriram e ela voltou para sua equipe, Nina não conseguiu tirar da mente a sensação da mão de Alex em seu ombro, ou a forma como seu coração havia disparado quando ele se aproximou.

Trabalhar na CyberShield Corp estava se revelando muito mais complicado do que ela havia imaginado. E não tinha nada a ver com códigos ou sistemas de segurança.

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