Início / Romance / Amor em Código / CAPÍTULO 5 - ADAPTAÇÃO E TENSÕES
CAPÍTULO 5 - ADAPTAÇÃO E TENSÕES

A primeira semana de Nina na CyberShield Corp passou como um borrão de códigos, reuniões e tentativas desesperadas de não pensar em Alexander Stone mais do que o estritamente profissional. Ela havia se jogado no trabalho com uma intensidade que impressionou até mesmo Elena, determinada a provar que merecia estar ali.

O projeto do protocolo de autenticação bancária estava se revelando mais complexo e fascinante do que ela havia imaginado. Nina descobriu que tinha uma aptidão natural para identificar vulnerabilidades em sistemas, algo que Elena comentou ser raro em alguém com tão pouca experiência prática.

— Você tem instinto para isso.

Elena havia dito na quinta-feira, depois que Nina identificou uma falha potencial que poderia permitir ataques de força bruta.

— É algo que não se ensina, você nasce com isso ou não tem.

Nina havia ficado radiante com o elogio, mas uma parte dela se perguntava se Alex ficaria impressionado quando soubesse. E essa parte a irritava profundamente.

Agora era sexta-feira, quatro horas da tarde, e Nina estava parada em frente à porta do escritório de Alex, tentando controlar os nervos. Ela havia passado a manhã inteira preparando um relatório detalhado sobre seu progresso, revisando cada linha três vezes para ter certeza de que estava perfeito.

Sarah a cumprimentou com seu sorriso profissional habitual.

— Srta. Santos, o Sr. Stone a aguarda. Pode entrar.

Nina bateu na porta e entrou quando ouviu o "Entre" familiar. Alex estava sentado atrás de sua mesa, lendo alguns documentos. Quando levantou os olhos para ela, Nina sentiu aquele aperto familiar no estômago.

— Nina, pontual como sempre. Por favor, sente-se.

Ela se acomodou na cadeira em frente à mesa, colocando sua pasta com os relatórios ao lado.

— Como foi sua primeira semana?

— Muito produtiva, Sr. Stone. Preparei um relatório detalhado sobre o projeto em que estou trabalhando e meu progresso até agora.

Nina abriu a pasta e entregou a ele um documento de cinco páginas, meticulosamente organizado.

Alex pegou o relatório e começou a folheá-lo, suas sobrancelhas se erguendo ligeiramente conforme lia.

— Impressionante. Você identificou três vulnerabilidades potenciais que nossa equipe havia perdido?

— Sim, senhor. Duas relacionadas a ataques de força bruta e uma sobre interceptação de dados durante a transmissão. Sugeri algumas modificações no código que poderiam resolver essas questões.

Alex continuou lendo, ocasionalmente fazendo anotações nas margens. Nina tentava não observá-lo muito obviamente, mas era difícil não notar a forma como ele franzia ligeiramente a testa quando se concentrava, ou como seus dedos tamborilavam levemente na mesa quando estava pensando.

— Estas sugestões são muito inteligentes.

Alex disse finalmente, levantando os olhos para ela.

— Elena mencionou que você tem um instinto natural para segurança, mas isso vai além disso. Você está pensando como um hacker tentaria atacar o sistema.

— Obrigada. Eu sempre acreditei que, para proteger algo, você precisa pensar como quem quer atacá-lo.

— Exatamente. Muitos profissionais de segurança se concentram apenas em construir muros mais altos, mas esquecem que os atacantes estão sempre procurando portas dos fundos.

Alex se recostou na cadeira, estudando-a com uma expressão que Nina não conseguia decifrar.

— Posso fazer uma pergunta pessoal?

Nina sentiu o coração acelerar.

— Claro.

— Por que você ficou tanto tempo trabalhando no café? Com esse nível de habilidade, você poderia ter conseguido uma posição em alguma empresa menor, ganhado experiência.

Nina hesitou. Era uma pergunta que ela havia se feito muitas vezes, especialmente nas noites em que voltava para casa exausta depois de um dia servindo café para pessoas que trabalhavam na área que ela sonhava entrar.

— Honestamente? Medo. E orgulho, talvez.

— Como assim?

— Medo de tentar e falhar. De descobrir que eu não era tão boa quanto pensava. E orgulho porque... bem, eu queria trabalhar em uma empresa como esta. Não queria me contentar com menos só porque era mais fácil.

Alex assentiu lentamente.

— Entendo. Às vezes esperamos pela oportunidade perfeita e perdemos chances de crescer no processo.

— Exatamente. Mas agora estou aqui, e não vou desperdiçar essa chance.

— Tenho certeza de que não.

Alex se levantou e caminhou até a janela, como havia feito na primeira reunião. Nina se permitiu observá-lo por um momento, notando a forma como o terno se ajustava perfeitamente aos seus ombros largos.

— Nina, posso ser direto com você?

— Por favor.

— Você tem potencial para ir muito longe nesta empresa. Mas precisa parar de tentar ser perfeita o tempo todo.

Nina piscou, surpresa.

— Como assim?

Alex se virou para encará-la.

— Este relatório, por exemplo. Está impecável. Formatação perfeita, linguagem técnica precisa, análise detalhada. Mas você passou quanto tempo preparando isso?

— Eu... algumas horas.

— Algumas horas ou a manhã inteira?

Nina corou, percebendo que ele havia notado.

— A manhã inteira.

— Nina, você não precisa me impressionar com relatórios perfeitos. Precisa me impressionar com ideias inovadoras e soluções criativas. E para isso, você precisa se permitir experimentar, errar, tentar de novo.

— Mas eu quero mostrar que levo isso a sério.

— Eu sei que leva. Isso é óbvio pela qualidade do seu trabalho. Mas se você gastar toda sua energia tentando ser perfeita, não sobrará criatividade para inovar.

Alex voltou para sua mesa e se sentou.

— Quero que você tente algo diferente na próxima semana.

— O quê?

— Elena mencionou que vocês estão começando um novo projeto, um sistema de detecção de intrusão para redes corporativas. Quero que você lidere uma pequena equipe nesse projeto.

Nina sentiu o sangue gelar.

— Liderar? Mas eu só estou aqui há uma semana!

— Exatamente. Você não tem vícios, não tem preconceitos sobre como as coisas "devem" ser feitas. Quero ver o que você pode criar quando não está tentando seguir um manual.

— Mas e se eu falhar?

— Então você vai aprender algo valioso sobre liderança e gestão de projetos. Nina, o pior que pode acontecer é você cometer erros. E erros são apenas oportunidades de aprendizado disfarçadas.

Nina respirou fundo, tentando processar o que ele estava propondo.

— Quantas pessoas na equipe?

— Três, além de você. Dois programadores juniores e um analista de sistemas. Todos com mais experiência que você, mas menos criatividade.

— E se eles não me respeitarem? Eu sou a mais nova, a menos experiente...

— Então você terá que ganhar o respeito deles com suas ideias e sua liderança. Não com sua idade ou tempo de empresa.

Alex se inclinou para frente, seus olhos verdes fixos nos dela.

— Nina, eu não estaria oferecendo isso se não acreditasse que você pode fazer. Confie em mim. E mais importante, confie em você mesma.

O jeito como ele disse isso, a intensidade em seus olhos, fez algo se apertar no peito de Nina. Por um momento, ela esqueceu que ele era seu chefe, esqueceu que estava em um escritório corporativo, esqueceu tudo exceto a forma como ele a estava olhando.

— Eu... eu aceito.

— Ótimo. Elena vai te dar todos os detalhes na segunda-feira. E Nina?

— Sim?

— Pare de me chamar de Sr. Stone quando estamos sozinhos. É Alex.

Nina assentiu, não confiando na própria voz. Havia algo na forma como ele disse seu nome que fazia seu coração acelerar de uma maneira completamente inadequada.

— Mais alguma coisa que você gostaria de discutir sobre seu progresso?

Nina balançou a cabeça, ainda processando a conversa.

— Então nos vemos na próxima sexta-feira. Mesma hora.

Nina se levantou para sair, mas quando chegou à porta, Alex a chamou novamente.

— Nina?

— Sim?

— Tenha um bom fim de semana. E tente relaxar um pouco. Você merece.

Nina saiu do escritório com as pernas trêmulas e o coração disparado. No elevador, ela se apoiou na parede e fechou os olhos, tentando processar tudo o que havia acontecido.

Alex havia lhe oferecido uma oportunidade incrível - liderar um projeto em sua primeira semana. Era assustador e emocionante ao mesmo tempo. Mas mais do que isso, a forma como ele havia falado com ela, a confiança que demonstrou ter nela, fez Nina se sentir... especial.

"Ele é seu chefe," ela se lembrou. "Isso é profissional. Ele vê potencial em você como funcionária, nada mais."

Mas a forma como seus olhos haviam se fixado nos dela quando ele disse para confiar nele... isso não parecia apenas profissional.

Nina chegou ao vigésimo primeiro andar ainda perdida em pensamentos. Elena a estava esperando com um sorriso curioso.

— Como foi a reunião com o Stone?

— Ele... ele quer que eu lidere o projeto do sistema de detecção de intrusão.

Elena parou de andar.

— Ele quer o quê?

— Que eu lidere uma equipe de quatro pessoas no novo projeto.

— Nina, isso é... isso é incrível! Em quinze anos trabalhando aqui, nunca vi ele dar tanta responsabilidade para alguém tão rapidamente.

— Você acha que eu consigo?

— Querida, se o Alexander Stone acha que você consegue, então você consegue. Ele não comete erros quando se trata de avaliar talentos.

Nina sorriu, sentindo uma mistura de orgulho e nervosismo.

— Então, vamos começar a planejar. Segunda-feira você vai ter muito trabalho pela frente.

Enquanto Elena explicava os detalhes do projeto, Nina tentava se concentrar, mas parte de sua mente continuava voltando para a conversa com Alex. A forma como ele havia dito seu nome, a confiança em sua voz, o jeito como seus olhos pareciam ver algo nela que ela mesma não sabia que existia.

Nina estava começando a perceber que trabalhar na CyberShield Corp seria desafiador de maneiras que ela nunca havia imaginado. E o maior desafio não seria o trabalho em si, mas manter a compostura profissional diante de um homem que parecia capaz de fazê-la esquecer seu próprio nome com apenas um olhar.

Quando chegou em casa naquela noite, Nina se jogou no sofá e ligou para sua mãe, precisando dividir as novidades com alguém.

— Mãe, você não vai acreditar no que aconteceu hoje.

— Conta tudo, minha filha!

Nina contou sobre o projeto, sobre a oportunidade de liderar uma equipe, sobre como estava se sentindo desafiada e realizada profissionalmente. Mas não mencionou Alexander Stone além do necessário, não falou sobre os olhos verdes que assombravam seus pensamentos, não comentou sobre a forma como seu coração acelerava sempre que ele estava por perto.

Algumas coisas eram complicadas demais para explicar, mesmo para uma mãe.

— Estou tão orgulhosa de você, Nina. Sempre soube que você conseguiria.

— Obrigada, mãe. Eu também estou começando a acreditar nisso.

Depois que desligou, Nina ficou olhando pela janela de seu pequeno apartamento, pensando em como sua vida havia mudado em apenas uma semana. Ela havia saído de servir café para liderar projetos em uma das maiores empresas de tecnologia do mundo.

E tudo havia começado com um café derramado em uma camisa branca impecável.

O destino, definitivamente, tinha senso de humor.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App