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3. O preço da verdade e o alvo dourado

A "diplomacia" de Leonardo na coleta de Signor Antonelli não passou despercebida. Na manhã seguinte, um chamado lacônico de Tulio o convocou à presença de Don Vincenzo Costello. A fortaleza da famiglia parecia ainda mais sombria, cada sombra nos corredores carregada de uma expectativa palpável. Leonardo sabia que sua abordagem heterodoxa seria dissecada, julgada.

Encontrou o Don em seu suntuoso escritório, o aroma de charutos cubanos e café forte pairando no ar. Tulio permanecia em pé, discreto como uma estátua, ao lado da poltrona do chefe. Don Costello encarou Leonardo por um longo momento, os olhos negros e penetrantes como os de uma ave de rapina. "Tulio me informou sobre sua… peculiar… condução dos negócios com o florista," o Don disse finalmente, a voz grave, cada sílaba pesada. "Você optou pela conversa em vez da força. Pela renegociação em vez da intimidação. Uma escolha… inusitada, para um homem que busca um lugar em nossa famiglia."

Leonardo manteve a calma, o olhar firme. "Acredito que a força deve ser reservada para quando a razão falha, Don Costello. Signor Antonelli estava assustado, mas não era um homem desonesto. Um acordo razoável garante um fluxo de renda contínuo e, mais importante, um par de olhos e ouvidos leais naquele bairro. Um devedor arruinado ou um corpo quebrado não nos trazem benefício algum a longo prazo."

Um silêncio tenso se instalou. Rocco, que entrara sorrateiramente na sala, soltou um risinho de escárnio. "Ou talvez nosso novo 'arquiteto' tenha um coração mole demais para o serviço, Don."

Don Costello ignorou Rocco, o olhar ainda fixo em Leonardo. Havia um brilho de interesse ali, talvez até de um respeito relutante. "Inteligência. E uma visão estratégica que vai além do imediato," o Don ponderou, mais para si mesmo. "Qualidades raras. E potencialmente… muito valiosas." Ele se recostou na poltrona. "Você passou no primeiro teste, Leonardo. Mostrou que sabe pensar. Agora, veremos se tem estômago para o verdadeiro jogo."

Enquanto Leonardo recebia aquela aprovação cautelosa, Sabrina Rossi e Beatriz mergulhavam nas profundezas digitais da Progresso Empreendimentos S.A. No pequeno escritório do Centro Comunitário Novo Amanhã, transformado em quartel-general improvisado, o laptop de Beatriz zumbia, telas de código e diagramas corporativos piscando em rápida sucessão.

"Eles são bons em esconder os rastros," Beatriz murmurou, os dedos voando sobre o teclado. "Múltiplas empresas de fachada, paraísos fiscais, nomes de diretores que parecem ser apenas laranjas. Mas há um padrão." Ela apontou para um nome que se repetia em várias transações obscuras, uma empresa de investimentos chamada "Horizonte Capital", com sede num endereço que não passava de uma caixa postal nas Ilhas Cayman. "Acredito que este 'Horizonte Capital' seja o verdadeiro cérebro financeiro por trás da Progresso."

Sabrina, sentada ao lado dela, anotava tudo, o rosto concentrado. Seu protesto conseguira alguma atenção da mídia local, mas a Progresso Empreendimentos permanecia irredutível, acelerando os preparativos para a demolição. A luta legal parecia perdida. A única esperança era encontrar algo, qualquer coisa, que pudesse desacreditar a incorporadora, expor suas táticas predatórias. "Consegue rastrear os verdadeiros donos da Horizonte Capital, Bia?" Sabrina perguntou, a esperança faiscando em seus olhos. "Difícil," Beatriz admitiu. "Esses caras são profissionais em se esconder. Mas estou farejando um nome… um tal de Dr. Arnaldo Bastos, o mesmo engomadinho cínico que te enfrentou no protesto. Ele não é apenas um 'Diretor de Relações Institucionais'. Parece ser um dos principais operadores da Horizonte no país, com várias propriedades de luxo em seu nome, incompatíveis com seu salário declarado."

Uma pista. Frágil, mas uma pista. Sabrina sentiu uma onda de adrenalina. "Precisamos de provas, Bia. Algo concreto contra esse Bastos."

De volta à fortaleza Costello, Don Vincenzo revelava a Leonardo a verdadeira natureza do "grande golpe" que mencionara. "Há um cofre nesta cidade, Leonardo," o Don disse, os olhos brilhando com uma cobiça ancestral, "que guarda não apenas dinheiro, mas segredos, poder. Um cofre que muitos consideram impenetrável." Ele fez uma pausa dramática. "O cofre principal do Banco Rossi & Filhos."

O nome atingiu Leonardo como um soco no estômago, embora ele mantivesse a expressão impassível. Banco Rossi. O pilar financeiro da cidade, o símbolo da riqueza e do poder da família Rossi. Um alvo audacioso, quase suicida. "Um desafio considerável, Don Costello," Leonardo disse, a voz neutra. "Exatamente," o Don sorriu. "E é por isso que preciso de você. De sua mente analítica, de sua capacidade de encontrar falhas onde ninguém mais vê. Quero que você estude o Banco Rossi. Cada sistema de segurança, cada rotina de guarda, cada planta, cada detalhe. Quero que você me traga as chaves daquele cofre, Leonardo. Metaforicamente falando, é claro." O sorriso do Don se alargou. "A menos que consiga as chaves literais também."

Era o verdadeiro teste. Uma missão de infiltração e inteligência de altíssimo risco. Um fracasso não seria tolerado. Leonardo sentiu o peso da ordem, a gravidade da confiança – ou da armadilha – que o Don depositava sobre ele. Mas também sentiu uma estranha e perigosa excitação. Aquele era o tipo de desafio que o atraía, que testava seus limites. "Considere que já estou trabalhando nisso, Don Costello," ele respondeu, a determinação fria em seus olhos.

A investigação de Sabrina e Beatriz sobre Arnaldo Bastos, no entanto, começou a encontrar obstáculos. Os arquivos online sobre ele eram escassos, protegidos por camadas de segurança digital. E, numa tarde, enquanto Sabrina voltava para casa após uma visita tensa ao Centro Comunitário – onde encontrara pichações ameaçadoras e um dos vidros da janela quebrado –, ela percebeu que estava sendo seguida. Um carro escuro, sem placas visíveis, a acompanhava a uma distância discreta, mas constante.

O medo a envolveu, gelado e paralisante. Seriam homens da Progresso Empreendimentos? De Bastos? Ela tentou despistá-los, acelerando, fazendo curvas inesperadas, mas o carro persistia, como uma sombra sinistra. Finalmente, ao chegar à segurança dos portões da mansão Rossi, o carro desapareceu tão silenciosamente quanto surgira.

Sabrina entrou em casa trêmula, o coração aos pulos. Contou à mãe o que acontecera, a perseguição, as ameaças veladas ao centro comunitário. Eleonora, apavorada, insistiu que ela contasse tudo a Lorenzo. A reação de seu pai foi uma mistura de fúria e pânico. "Eu avisei, Sabrina! Eu avisei que você estava se metendo com gente perigosa!" ele gritou, o rosto vermelho. "Essa sua teimosia, essa sua… cruzada ingênua! Vai acabar nos colocando todos em perigo! A partir de hoje, você está proibida de se aproximar daquele centro comunitário! E essa sua 'investigação' acaba aqui! Entendeu?"

As palavras dele foram como um golpe. Proibida de lutar pelo Novo Amanhã? De buscar a verdade sobre a Progresso Empreendimentos? A injustiça da situação, a forma como seu pai parecia mais preocupado com a "imagem da família" do que com as vidas que estavam sendo destruídas, ou com a segurança dela, a encheu de uma raiva fria e uma nova determinação. "Você não entende, papai," ela disse, a voz baixa, mas firme. "Eles não vão me calar. Eu não vou desistir."

Enquanto Sabrina enfrentava a oposição de sua própria família, Leonardo iniciava sua meticulosa e perigosa dança ao redor do Banco Rossi. Passava horas observando a fachada imponente, o movimento dos guardas, os carros-fortes que chegavam e partiam. Disfarçado de entregador, de técnico de telefonia, de simples transeunte, ele mapeava cada câmera, cada sensor de movimento, cada possível ponto cego. A segurança era formidável, quase uma fortaleza. Mas Leonardo sabia que toda fortaleza tem suas fissuras. E ele era um especialista em encontrá-las.

Seus pensamentos, porém, não estavam apenas no desafio técnico. O nome "Rossi" ecoava em sua mente, não por causa da jovem idealista que ele ainda não conhecia, mas por causa de sussurros de seu próprio passado, fragmentos de histórias que sua avó lhe contara sobre velhas traições e fortunas roubadas. Uma conexão que ele ainda não compreendia totalmente, mas que adicionava uma camada pessoal e perigosa à missão que Don Costello lhe confiara.

O cerco ao Banco Rossi estava apenas começando. E, em paralelo, o cerco à teimosia e à coragem de Sabrina Rossi também se apertava. Dois mundos prestes a colidir, duas almas em rota de colisão com um destino que prometia ser tudo, menos pacífico. A cidade, com seus segredos dourados e suas sombras mortais, aguardava o desenrolar da trama.

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