Volto para a casa do Samuel, uma casa que nunca vou dividir com ele, pois agora, mesmo depois deu ter tentado outro contato com ele, o advogado mais uma vez disse que ele não quer saber dela, que ela pode ficar com a casa que ele tem outra. Dona Helena caminha ao meu lado, silenciosa, como se sentisse o mesmo peso. A chave gira na fechadura e, por um instante, hesito antes de empurrar a porta. Respiro fundo e entro.
Está tudo no lugar. Intocado. Como se o tempo tivesse congelado desde o dia em que fui embora. Mas tem algo... errado. O ar está pesado, denso. Sinto como se uma sombra me observasse, mesmo sem ver nada.
— Parece tudo normal… — murmuro, mais para mim do que para Dona Helena.
Ela apenas assente, mas seu rosto também denuncia inquietação. Vou até o sofá, largo a bolsa, e me sento. Meus dedos ainda estão trêmulos do trajeto. É quando o celular vibra.
Pego o aparelho. A notificação no visor me paralisa:
Mensagem de Pai.
Abro.
É uma imagem.
Meus olhos demoram um segundo pra ent