Já faz um mês desde que tudo mudou. Desde o dia em que tive que me decidir, não por escolha, mas por sobrevivência. O tempo parece correr e, ao mesmo tempo, arrastar. Hoje, a barriga mal começa a aparecer, mas meu corpo já sente o peso de tudo: da gravidez, do medo, da ausência e, principalmente, do que está por vir.

É manhã, e o sol invade as janelas da clínica. Dessa vez, Ayla não conseguiu me acompanhar. A faculdade está consumindo cada segundo livre dela e eu entendo. Quem está ao meu lado, segurando firme minha bolsa e meu braço, é Dona Helena.

— Vai dar tudo certo, minha filha — ela diz pela quarta vez desde que saímos de casa. Tento sorrir, mas só consigo assentir, apertando a mão dela com um pouco mais de força.

Sentamos na sala de espera, e meu nome é chamado rápido. Dona Helena me acompanha até a sala da médica, e quando entramos, a doutora me recebe com um sorriso gentil.

— Bom dia, Jade. Como está se sentindo?

— Um pouco cansada… e ansiosa.

— Entendo. Vamos dar uma olhada