O silêncio da casa era diferente naquela noite. Era um silêncio pesado, carregado de ausência. Não era como quando Samuel saía pra trabalhar e o ambiente parecia apenas em pausa, à espera. Dessa vez, era um silêncio que parecia definitivo. Que espreitava pelos cantos.
Ayla estava no quarto comigo, deitada de lado, me observando em silêncio. Tinha insistido em ficar — e eu não consegui negar. Na verdade, nem queria.
— Dona Helena vai dormir com o Rigel. — Ayla disse baixinho, ajeitando o travesseiro atrás da cabeça. — Ele tá calminho, acredita?
— Ele é só uma criança... ainda não entende tudo. — respondi, olhando pro teto. — E a Helena?
— Fingindo força. — Ayla deu um suspiro pesado. — Mas os olhos dela... estão gritando.
Fechei os olhos. Doía pensar nela, doía pensar no meu filho dormindo sem saber se o pai...
Balancei a cabeça. Ainda não.
— Você vai ficar comigo mesmo? — perguntei, virando de lado pra encará-la.
— Claro que vou, Jade. Eu te conheço, você não dorme sozinha hoj