— Jade... fica comigo.
A voz é baixa, grave, quente. Familiar.
Samuel?
— Ei, olha pra mim... eu tô aqui.
Meu corpo flutua em algum lugar entre o peso e o nada. Tento abrir os olhos, mas tudo é neblina. Tento falar, mas a voz não sai. Ainda assim, reconheceria aquele timbre em qualquer lugar. Meu peito se aperta. Ele está vivo. Ele está...
— Ela tá acordando — diz uma segunda voz, mais áspera.
O som de passos. A luz me atinge como uma lâmina. Geme alto alguma máquina. E então, o cheiro de hospital me invade com força: álcool, látex, algo estéril e frio.
Forço os olhos.
— Samuel? — sussurro, ou acho que sussurro.
Mas não é ele.
É Murilo quem se inclina sobre mim, com os olhos fundos e vermelhos. Ao lado dele, Marco, carrancudo, com os braços cruzados, semblante de pedra. E uma enfermeira ajeita o soro com o cuidado de quem já viu muita dor.
— Calma, Jade — diz Murilo, pegando minha mão. — Você está no hospital. Está segura, tá?
— Eu... eu ouvi ele — murmuro, olhando ao redor, como se Sa