127 - Jade

— Jade... fica comigo.

A voz é baixa, grave, quente. Familiar.

Samuel?

— Ei, olha pra mim... eu tô aqui.

Meu corpo flutua em algum lugar entre o peso e o nada. Tento abrir os olhos, mas tudo é neblina. Tento falar, mas a voz não sai. Ainda assim, reconheceria aquele timbre em qualquer lugar. Meu peito se aperta. Ele está vivo. Ele está...

— Ela tá acordando — diz uma segunda voz, mais áspera.

O som de passos. A luz me atinge como uma lâmina. Geme alto alguma máquina. E então, o cheiro de hospital me invade com força: álcool, látex, algo estéril e frio.

Forço os olhos.

— Samuel? — sussurro, ou acho que sussurro.

Mas não é ele.

É Murilo quem se inclina sobre mim, com os olhos fundos e vermelhos. Ao lado dele, Marco, carrancudo, com os braços cruzados, semblante de pedra. E uma enfermeira ajeita o soro com o cuidado de quem já viu muita dor.

— Calma, Jade — diz Murilo, pegando minha mão. — Você está no hospital. Está segura, tá?

— Eu... eu ouvi ele — murmuro, olhando ao redor, como se Sa
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