Após um casamento forjado em mentiras, Thomas Lewantys comete um erro que mudaria sua vida para sempre. Ao se recusar a permitir que sua esposa, removesse o véu, ele não percebeu que estava diante da mulher errada – um engano que culminou em um ato de violência que nunca teria ocorrido se ele soubesse da troca planejada por Anna, a irmã de Sarah. Sarah, marcada pelo trauma, foi encontrada em estado crítico e sem documentos, sendo identificada apenas como "NoName". Apesar de seu passado sombrio, Sarah reconstruiu sua vida e se tornou uma médica respeitada, enquanto Thomas vive atormentado pela culpa e pelas consequências de suas escolhas. Cinco anos depois, Sarah descobre verdades devastadoras que envolvem Anna, sua irmã, e os filhos que pensava ter perdido para sempre. O destino os coloca frente a frente, forçando-os a confrontar não apenas os segredos e erros do passado, mas também os sentimentos complexos que acabam os conectando. Em meio a intrigas familiares, revelações chocantes e uma luta por redenção, Sarah e Thomas precisam decidir se é possível superar as sombras que os cercam e encontrar um novo começo – ou se o véu entre eles jamais será levantado. "Além do Véu: As Sombras do Passado" é uma história de amor, culpa e superação, onde o perdão é o maior dos desafios e a verdade a única salvação.
Leer másSarah entrou correndo na sala, atraída pelo tom intenso das vozes de seus pais. Ambos estavam sentados, imersos em uma discussão acalorada. Algo nas expressões frias e calculadas de seus rostos a fez parar no meio do caminho.
— Filha, venha aqui — disse seu pai. A voz fria, como de costume, agora carregava uma gravidade incomum. Sarah se aproximou, hesitante. Antes que pudesse perguntar, ele disparou: — Hoje é um dia decisivo para nossa família. Você vai comparecer no lugar de sua irmã na cerimônia de casamento dela. Os olhos de Sarah se arregalaram, incrédulos. — O quê? — exclamou. — Isso não é possível! É o casamento da Anna! Ela precisa estar lá, não eu. Seu pai cruzou os braços e franziu o cenho. — Anna desapareceu. Resolveu nos abandonar no pior momento. Este casamento é um acordo comercial firmado há anos, e não podemos arcar com os custos da quebra do contrato. Sarah balançou a cabeça, tentando processar a situação. — Papai, isso não faz sentido! Vocês podem conversar com o noivo, pedir para remarcar... O pai a interrompeu, cortando qualquer tentativa de argumentação. — Não há tempo! — Você só precisa fazer isso, Sarah. Será uma cerimônia rápida no cartório. O noivo nunca viu Anna, e você estará usando um véu grosso. Ele não vai desconfiar de nada. Sem dizer mais nada, seu pai se levantou e pediu à mãe que a preparasse. Atônita, Sarah foi levada para o quarto. Sobre a cama, havia um vestido branco, simples e elegante, esperando por ela. Enquanto vestia o traje, Sarah se olhou no espelho, tentando segurar as lágrimas. — Não é meu casamento, nem meu futuro, nem meu príncipe encantado... —pensou. Apesar de tudo, o vestido parecia feito para ela: delicado e fluido, com um decote em V que realçava sua beleza de boneca de porcelana. Sua mãe prendeu seus cabelos ruivos em um coque apertado e colocou um véu espesso que cobria completamente seu rosto. Nenhuma maquiagem foi feita, mas nem era necessário: a beleza natural de Sarah irradiava pureza. — Mãe, isso está errado... — sussurrou Sarah. — Eu não quero fazer isso. A mãe hesitou por um momento, mas sua voz saiu fria e distante. — Lembre-se de que não é o SEU casamento. O noivo não pode desconfiar de nada. A sobrevivência da nossa família depende disso. Sarah desceu as escadas e tentou, mais uma vez, argumentar com o pai. — Por que estão me obrigando a isso? Por que não explicam ao noivo e esperam a volta de Anna? — Você acha que já não pensamos nisso? — retrucou ele, impaciente. — Eles querem cancelar o acordo. E, se isso acontecer, nossa família será arruinada. Sarah tentou insistir, mas ele a interrompeu: — Você quer estudar no exterior, não quer? Então faça isso pela família, e eu prometo que poderá seguir sua vida como quiser. Quando Sarah começou a chorar, implorando por outra solução, o pai perdeu a paciência. — Chega! Isso não é uma discussão. É uma ordem! Sarah sentiu sua resistência se esvair. Uma lágrima solitária escorreu por seu rosto. — Entendido, pai... — murmurou, resignada. A viagem ao cartório foi envolta em silêncio. Sarah olhava para fora da janela, desejando estar em qualquer outro lugar. Ao chegarem, seu pai a conduziu até o oficial de registro. Seus pés vacilaram enquanto dava um passo à frente. O véu grosso fazia com que se sentisse presa, mas o que mais a assustava era a figura imponente que a aguardava: o homem que seria seu "marido". Thomas Lewantys segurou sua mão. O toque era quente, mas o aperto era firme demais, quase doloroso. Ela tentou recuar, mas ele segurou sua cintura, cravando os dedos em sua pele. Um cheiro forte de álcool fez Sarah estremecer. — "Algo está muito errado..." — pensou. O oficial começou a ler os termos do contrato de casamento. Sarah tentou respirar fundo, mas o nervosismo tomou conta dela. — Thomas Lewantys e Anna Spinosa Campbell, vocês concordam com os termos deste contrato de união? — perguntou o oficial. Sarah abriu a boca para protestar, mas sentiu uma mão forte em seu braço. Thomas inclinou-se e sussurrou em seu ouvido: — Garanto que você não vai gostar do que vai acontecer, eu te avisei. Ela olhou desesperada para o pai, que se aproximou e murmurou: — Apenas diga que concorda. Lembre-se de que está fazendo isso pela nossa família. Engolindo em seco, Sarah sussurrou: — Sim... Eu concordo. — Sim, concordo — repetiu Thomas, com um tom sombrio. — Eu os declaro marido e mulher — anunciou o oficial —pode beijar a noiva... Antes que Sarah pudesse reagir, Thomas se inclinou por baixo do véu e a beijou com brutalidade. Os lábios dele eram ásperos e agressivos, deixando um gosto metálico de sangue em sua boca. Sarah tentou se afastar, mas ele a segurou com tanta força que quase deslocou seu pulso. Sem dizer uma palavra, Thomas a arrastou pelo corredor, ignorando os protestos abafados dela. Sarah tropeçou, mas ele não diminuiu o ritmo. Seu pai, à distância, apenas observava, inexpressivo. Sarah foi empurrada para dentro do carro e, ao sentir o metal frio ao seu redor, uma onda de incerteza e medo tomou conta dela. Sua vida, antes repleta de sonhos vibrantes, agora parecia uma sombra do que poderia ter sido. Tudo o que lhe restava era esperar — e rezar — pela chance de escapar daquela realidade sufocante.Thomas observava Sarah a todo instante, fascinado por cada pequeno detalhe – o jeito como seus cabelos se movia com a brisa, como seus olhos brilhavam sob o sol dourado, como seu sorriso parecia ainda mais bonito quando ela estava completamente relaxada.— O que foi? — Sarah perguntou quando percebeu o olhar dele.— Meu Deus, você está... radiante. — disse ele, sem conseguir esconder a admiração em seu olhar.Thomas a puxou para perto, envolvendo-a pela cintura.— Só estou gravando esse momento na memória.Sarah sorriu, repousando as mãos no peito dele.— Então espero que esteja aproveitando cada segundo.Ele abaixou a cabeça, os lábios roçando suavemente nos dela.— Você não faz ideia.O sol se pôs no horizonte, tingindo o céu de tons dourados e avermelhados, e a brisa noturna carregava o cheiro do mar. Thomas e Sarah estavam na varanda, um brinde silencioso marcado pelo som das taças se tocando.A conversa fluía fácil, repleta de risadas, sussurros cúmplices e olhares carregados de
O sol da manhã invadia suavemente o quarto, iluminando os traços relaxados de Sarah enquanto ela terminava de arrumar a mala. O clima na casa estava leve, mas um pequeno debate vinha animando o casal desde que haviam aceitado o presente inesperado de Margaret: a lua de mel.Thomas, sentado na beirada da cama, olhava para a tela do celular com uma expressão de dúvida, enquanto Sarah dobrava uma peça de roupa e suspirava.— Então, já decidimos? — ela perguntou, lançando um olhar divertido para o marido.Thomas ergueu os olhos para ela, arqueando uma sobrancelha.— Não é tão simples assim. Temos que pensar no tempo que temos disponível, na logística e, claro, em algo que realmente valha a pena.Sarah cruzou os braços e o encarou com um sorriso desafiador.— Tradução: você quer complicar uma decisão simples.Thomas riu, jogando o celular na cama antes de se aproximar dela e envolver sua cintura com os braços.— Eu só quero que seja perfeito.Sarah passou os dedos pelos cabelos dele, incli
O casamento não precisava ser grandioso. Nem Thomas, nem Sarah desejavam algo extravagante. Para eles, o mais importante era que aquele momento fosse real, sincero, e que celebrasse tudo o que viveram até ali.A celebração foi planejada de forma ágil, sem ostentação, mas repleta de significado. Apenas um pequeno grupo compareceu: Arthur, o amigo mais próximo do casal, sempre presente nas horas difíceis; Kathalina, a antiga noiva de Thomas, que, mesmo enfrentando a dor do que já viveram, teve um papel importante para que ele e Sarah encontrassem o seu caminho; e, naturalmente, Aurora e Adrian, que não conseguiram disfarçar a alegria de ver os pais finalmente formalizando o amor que os unia.A modesta capela que recebeu a cerimônia tinha um charme especial, adornada apenas com flores brancas e sutis velas. O ar era leve, repleto de emoções, e cada olhar, cada gesto, carregava um significado profundo.Sarah apareceu vestindo um vestido sofisticado, porém sutil, feito de um material leve
O caminho até a mansão Lewantys foi silencioso. Thomas dirigia com os olhos fixos na estrada, sua expressão séria, quase tensa. Sarah percebeu a inquietação dele, sentindo os dedos do dele apertarem com mais força o volante a cada quilômetro que os aproximava do destino.Ela pousou sua mão suavemente sobre a dele.— Vai ficar tudo bem — disse ela, oferecendo um sorriso de encorajamento.Thomas suspirou, soltando o ar lentamente antes de entrelaçar seus dedos nos dela.— Espero que sim.No banco de trás, Adrian e Aurora estavam animados, fazendo perguntas sem parar.— Eles vão gostar de nós, mamãe? — perguntou Aurora, sua voz cheia de expectativa.— Claro que sim, querida — Sarah respondeu, virando-se para olhá-los. — Vocês são incríveis. Como poderiam não gostar?Thomas abriu um pequeno sorriso ao ouvir aquilo. O otimismo de Sarah era algo que ele aprendera a admirar.A mansão Lewantys surgiu no horizonte, imponente e intocada pelo tempo. Era uma arquitetura clássica com grandes portõ
A manhã seguia tranquila, com o aroma do café preenchendo a cozinha e os sons animados das crianças ecoando pela casa. Thomas observava Sarah se movimentar com naturalidade, servindo o café da manhã enquanto Aurora e Adrian falavam empolgados sobre como seria a nova rotina com o pai morando ali.Era um momento de paz, algo que ele há muito tempo não experimentava. Mas, mesmo com essa sensação de plenitude, Thomas sabia que ainda havia um capítulo inacabado de sua história – um que ele precisava encarar para seguir em frente.Respirando fundo, ele se aproximou de Sarah e segurou sua mão delicadamente. Ela ergueu os olhos para ele, imediatamente percebendo a seriedade em seu semblante.— O que foi? — perguntou ela, suavemente.Thomas hesitou por um instante, mas então decidiu que não havia mais espaço para silêncios.— Quero que conheça meus pais — disse ele, direto.Sarah franziu ligeiramente a testa, surpresa.— Seus pais?— Sim. Quero que você os conheça... e quero que as crianças os
A manhã estava ensolarada, e a brisa leve fazia as cortinas da sala balançarem suavemente. Era o dia que Thomas e Sarah aguardavam com esperança e certo nervosismo. O momento em que contariam às crianças que a família estava finalmente reunida – e não apenas em um sentido físico, mas de coração e propósito.Thomas e Sarah se sentaram lado a lado no sofá da sala de estar. Aurora e Adrian logo entraram correndo, com risos e olhos curiosos.— Temos algo importante para contar a vocês — começou Thomas, a voz calorosa e, ao mesmo tempo, firme. Ele apertou a mão de Sarah com carinho, um gesto que não passou despercebido pelas crianças.Aurora inclinou a cabeça, os cabelos ruivos balançando como uma chama ao vento.— É uma surpresa? É algo bom?— Sim, querida — respondeu Sarah, sorrindo. — É algo muito bom.Adrian se aproximou, ainda com o ursinho nas mãos. — O que é, mamãe?Thomas respirou fundo e olhou nos olhos dos filhos.— A partir de hoje, eu vou morar aqui com vocês novamente... para
Último capítulo