A porta da sala de reuniões se fechou com um baque seco e elegante. Tapete grosso abafando passos, ar-condicionado de hotel cinco estrelas tentando refrigerar a tensão que pairava no ar. Léo ajeitou o paletó enquanto caminhava até a cabeceira da mesa, o olhar fixo, mas com o maxilar tenso como aço prestes a estourar.
Miguel veio logo atrás, com aquele andar de quem nunca leva nada tão a sério — exceto quando se trata de ler as entrelinhas das pessoas.
— Então ela foi mesmo, né? — ele perguntou como quem comenta a previsão do tempo.
Léo não respondeu.
— Cafeteria gourmet. Look de desfile às nove da manhã. Cara de “sou só profissional”, mas com um sorriso de “sei exatamente o que estou fazendo”. Eu vi, tá? Eu vi a cena. — Miguel parou ao lado dele, estalando a língua. — E Gianluca Renaldi? O queridinho das capas de revista e prêmios de arquitetura? Chamando ela pra café como se ela fosse um tipo raro de mármore italiano.
Léo apertou os dedos contra a mesa.
— Eu vi também.
— E fez o quê?