Era uma manhã fria em Minas, daquelas em que o cheiro de café e pão na chapa parece mais acolhedor que qualquer cobertor. Mas o sol, teimoso como os corações que não desistem, tentava abrir caminho entre as nuvens densas, lançando feixes dourados sobre a varanda da casa da avó de Luna. O ar cheirava a terra úmida e a silêncio.
Luna terminava de coar o café, vestida com um moletom antigo e os cabelos presos de qualquer jeito. Colocou a caneca sobre a mesa de madeira desgastada quando o celular vibrou. Um número desconhecido.
— Alô?
— Senhorita Luna Almeida? — disse uma voz feminina, profissional, mas gentil.
— Sim, é ela.
— Aqui é Clara Rezende, da produção do Congresso Nacional de Saúde Coletiva. Fomos indicados ao seu nome por Gabriela Nunes.
Luna se sentou devagar, o coração repentinamente atento.
— Eu… certo… posso ajudar?
— Gostaríamos de convidá-la para compor o painel “Injustiçadas pela Mídia: A Reconstrução das Mulheres Silenciadas”. A sua trajetória tem inspirado muitas profis