O avião tocou o solo em Guarulhos sob uma garoa fina, quase simbólica. Caio olhava pela janela como se fosse a primeira vez que pisava no Brasil. A cidade parecia embaçada, distante, como se houvesse uma camada entre ele e tudo que deixara para trás. Não trazia com ele assessores, imprensa, nem malas caras — apenas uma mochila simples e o caderno onde vinha escrevendo nas últimas semanas, preenchido com pensamentos, confissões e páginas que jamais seriam publicadas.
Passara um mês fora. Viajara para Portugal, depois Espanha, depois o interior da França. Não por turismo, mas por silêncio. Andava pelas ruas de paralelepípedo como quem busca um eco da própria alma. Entrava em cafés pequenos, conversava com desconhecidos, observava idosos jogando cartas nos parques. Precisava se ouvir. E se perdoar.
E agora, enfim, estava de volta.
Mas não era o mesmo homem que partiu.
Enquanto isso, Marina perdia o controle da própria imagem. Cada tentativa de reação parecia acelerar sua queda. A denúnci