O papel estava sobre a mesa há dias. Branco. Intacto. Intimidador.
Caio encarava aquela folha como quem encara um espelho. A caneta estava ao lado, mas as palavras… ainda não estavam prontas. O silêncio da sala o engolia. O som distante de uma bola quicando no campo ao fundo contrastava com o turbilhão dentro dele. Escrever aquela carta parecia mais difícil do que enfrentar uma final de campeonato. Porque, ali, não havia torcida. Não havia aplauso. Só a verdade nua, dolorida e urgente.
Ele havia passado as últimas semanas reunindo informações, cruzando conversas antigas, revendo vídeos, escutando áudios antigos com os ouvidos e com o coração. Gabriela, como sempre, tinha sido firme, leal, uma ponte entre o caos e a lucidez. Foi com a ajuda dela que ele finalmente conseguiu o que precisava: a confirmação de que Marina e Roberto Arcanjo haviam se encontrado diversas vezes antes da matéria que destruiu sua vida e a de Luna.
Não eram apenas encontros casuais.
Eram reuniões. Estratégicas.