A casa da avó de Luna, encravada nas colinas verdes de Minas, parecia parada no tempo. Cada detalhe — o rangido do portão de madeira, o cheiro de café coado na hora, o som das cigarras ao entardecer — fazia parte de uma memória viva, como se o tempo ali se recusasse a seguir em frente.
Havia algo reconfortante na rotina daquela pequena cidade, nos dias simples, nas manhãs sem pressa. Luna havia fugido para ali tentando silenciar os ruídos do passado, como quem se esconde de si mesma entre os muros da infância. A avó compreendia seu silêncio e respeitava suas pausas. Às vezes conversavam, às vezes apenas dividiam o mesmo espaço em silêncio, com o rádio tocando modinhas antigas enquanto a chaleira apitava.
O dia já se esvaía quando Luna voltou da padaria da esquina com um saquinho de pão de queijo ainda quente na mão. Caminhava devagar, como quem tentava absorver a última luz do sol. Ao dobrar a esquina de casa, parou de súbito.
Gabriela estava sentada na varanda.
O coração de Luna deu