O cheiro de café coado se misturava com o perfume doce das flores que brotavam no quintal da casa da avó. Era um tipo de paz que Luna achava que nunca mais fosse sentir. Em Minas Gerais, no interior onde o tempo caminhava mais devagar, os dias eram costurados por simplicidades: o canto dos pássaros ao amanhecer, o estalar da lenha no fogão, o som de passos leves pelas tábuas do assoalho antigo. E era dessa paz que ela precisava agora. Desse silêncio. Da cia da avó, que não perguntava. Mas que estava ali, e isso trazia sossego para o coração de Luna.
Ela acordava cedo, não porque precisasse, mas porque a luz suave que entrava pelas janelas da casa branca pedia um novo começo.
A avó, Dona Zulmira, não fazia perguntas. Apenas deixava sempre uma caneca cheia na mesa, ao lado de um bilhetinho simples:
"A vida é feita de nadas que viram tudo."
Era uma mulher de fé silenciosa, e de uma sabedoria que vinha de outro tempo. Luna sabia que poderia afundar em mil lágrimas ali — e mesmo assim, aq